Não vou falar das imortais, todo mundo já conhece as lindas mulheres do queijo paulista, pioneiras, rainhas absolutas: Heloísa do Capril do Bosque, Maristela da Fazenda Santa Luzia, Vanessa da Pardinho Artesanal, Carolina da Belafazenda, Paula da Leiteria Santa Paula, Martina da Qjo Martina, Luzita da Mulekinha e outras. Elas abriram o caminho e inspiram mais presença feminina no setor.

Vanessa Alcolea, da queijaria Pardinho Artesanal, em curso na França Foto: Débora Pereira/SerTãoBras
Outras mulheres estão se destacando ao colocar a mão na massa, tanto as que desejaram do fundo do coração viver uma reconversão profissional, como aquelas que nasceram ali no local e têm orgulho de transmitir às filhas a tradição queijeira.
Cecília Peres, de Santos-SP, resolveu estudar queijos depois de se aposentar como juíza, comprou cabras e voltou para a terra onde nasceu sua mãe, São Luiz de Paraitinga, SP. Entusiasta do movimento do queijo brasileiro, ela é a tradutora dos cursos do francês Pierre Coulon, da Laiterie de Paris, que acontecem em breve em São Paulo e não deixa de continuar a se formar. “Vou fazer os cursos de queijos naturais do canadense David Asher na semana que vem, porque quero fazer queijos com as bactérias naturais do nosso sítio”, disse ela, que faz queijos especiais no Capril Paraitinga. Sua gama é de queijos mais moles.

Cecília Peres da Capril de Paraitinga na escola Mons, na França Foto: Débora Pereira/SerTãoBras
Outra que se converteu às cabras foi Mônica Alvarenga, da queijaria Condado dos Guapuruvus, em Bananal, SP. Ela cultiva shitakes e criou o paixão absoluta, queijo de massa lática, textura de nuvem, e pó do cogumelo na casca e interior, que o mofo cobre naturalmente. Sabores incríveis.

Paixão absoluta, 140 g de sensações extasiantes Foto: Mônica Alvarenga/Acervo Pessoal
No Cerrado de Minas Gerais, Cida, da queijaria Santa Clara, com sua irmã Rosário, investiram no antigo quartinho de queijo da fazenda do pai, em Coromandel-MG, e hoje tem uma ótima qualidade de queijos de leite cru e fermentos naturais, sendo o minas artesanal de casca florida o carro chefe.

Cida Pereira, da queijaria Santa Clara Dourados Foto: Débora Pereira/SerTãoBras
Gabriela La Porta, da queijaria homônima em Belmiro Braga-MG, foi mordida pela vontade de fazer queijo na pandemia, quando fez vários cursos, e hoje é uma das referência do queijo autoral em Minas, com uma gama de queijos autorais, como o queijo azul belmiro blue e o coiao, delicioso para grelhar.

Gabriela La Porta, de Belmiro Braga-MG Foto: Débora Pereira/SerTãoBras
Da Serra da Canastra, Larisa Goulart é produtora de queijo minas artesanal na queijaria Barão da Canastra, mas também de outros autorais, como o barão, de massa dura e curado muitos meses. “Também faço manteiga para a família, receita da minha avó Dalva, que adora vir a queijaria fabricar com minha filha Maria Clara”, disse ela. “Aqui em casa as mulheres são do queijo e os homens do café”.

Dalva, avó de Larissa, e Maria Clara, sua filha, perpetuando a tradição da queijaria Barão da Canastra Foto: Larissa Goulart/Acervo Pessoal
Na região do Serro, Estela Mares, do Queijo Dona Iaiá, em Conceição de Mato Dentro-MG, aposentou e voltou para fica com a mãe, dona Iaiá e perpetuar a tradição da família, fazendo um queijo minas artesanal com cascas mofadas artísticas e deliciosas.

Estela Mares, da queijaria Dona Iaiá Foto: Estela Mares/Acervo Pessoal
A novidade de Marina Cavechia, do Teta Cheese Bar de Brasília, é ter virado produtora de queijo na fazenda que foi da sua bisavó, em Estrela do Sul-MG. Depois de ganhar o título de Melhor Queijista do Brasil em 2022 e em 2023 ficar em 5º lugar no concurso de Melhor Queijista do Mundo, na França, ela desistiu de concorrer na próxima edição internacional, que será em setembro. “Preciso focar na minha nova queijaria, a Matuh, “, disse ela.

Marina Cavechia, a campeã do concurso de Melhor Queijista do Brasil em 2022 Foto: Arnaud Sperat Czar/SerTãoBras
Também queijista, Juliana Cavalcante da Lá do Interior, inovou mais uma vez e agora está servindo seus queijos no brunch do hotel Grand Hyatt, em um carrinho de queijos feito sob medida. “Eu passo de mesa em mesa aconselhando e contando a história de cada sabor, as pessoas adoram, surpreende”, disse ela.

Juliana Cavalcante Foto: Juliana Cavalcante/Acervo Pessoal
E para terminar uma lista que poderia ser sem fim, lembro de Cecília Pinheiro, da Fazenda São Victor, que em 2024 brilhou demais sendo a primeira produtora brasileira na capa da revista francesa Profession Fromager!

Capa da revista Profession Fromager com Cecília Pinheiro, produtora de queijo de Marajó Foto: Arnaud Sperat Czar/Profession Fromager