Frederick Booker Noe III, mais conhecido como Fred Noe, carrega nos ombros mais de dois séculos de tradição familiar. Aos 68 anos, o Master Distiller da sétima geração da família Jim Beam pisou em solo brasileiro pela primeira vez na última terça-feira, 15 – uma visita que ele próprio admite ter adiado por anos.
A vinda ao Brasil aconteceu cinco anos após sua última viagem internacional, período em que enfrentou a pandemia e se recuperou de um transplante de rim. Fred aproveitou a estadia para lançar o Jim Beam Black Cherry, o primeiro bourbon com sabor cereja no País, e conhecer um mercado que considera promissor para a expansão da marca.
É a primeira vez que Fred Noe, da Jim Bean, vem ao Brasil Foto: Alexandre Virgilio/Divulgação
Filho de Booker Noe – lenda do uísque mundial – Fred assumiu o cargo de Master Distiller em 2007, após a morte do pai em 2004. Hoje trabalha ao lado de seu filho Freddie Noe, da oitava geração, numa transição que ele vê com orgulho especial. “Muitos pais não conseguem passar negócios para seus filhos e vê-los ter sucesso”, reflete ao Paladar.
Durante apresentação no Croma Beer Co, em São Paulo, Fred contou histórias da família e defendeu a filosofia da marca: usar apenas três ingredientes (água, grão e levedura) para criar um bourbon que seja “mixável, fácil de beber”. Para ele, o segredo está na simplicidade – e na paciência de esperar quatro anos pelo envelhecimento em barris de carvalho.
A longa espera para conhecer o Brasil
Fred Noe explica que sua chegada ao Brasil foi adiada por circunstâncias adversas dos últimos anos. “Tivemos a COVID e depois eu fiz um transplante de rim há quatro anos. Então meio que fiquei fora da estrada”, conta.
Quando finalmente foi convidado para vir ao Brasil, sua resposta foi imediata: “Por que não? Tenho falado sobre vir há muitos anos. Bem, agora vou fazer isso”.
Para a Jim Beam, o Brasil e a América do Sul representam uma oportunidade estratégica significativa. Fred vê o mercado brasileiro como uma região com cultura estabelecida de uísque, mas historicamente dominada pelo scotch.
“Agora é nossa chance de trazer bourbon aqui e compartilhar com nossos amigos na América do Sul e no Brasil”, explica o Master Distiller.
Fred Noe aproveitou a vinda ao Brasil para lançar o novo Jim Bean de cereja Foto: ALE VIRGILIO
O peso da tradição familiar
Carregar o legado de sete gerações não é responsabilidade que Fred Noe toma levianamente. “Tenho muito orgulho de ser a sétima geração da família Beam levando essa tradição adiante”, afirma. Mais do que manter a tradição, Fred encontra satisfação especial em poder transmiti-la ao filho, Freddie, da oitava geração.
“Muitos pais não conseguem passar negócios para seus filhos e vê-los ter sucesso nisso. Às vezes eles não se saem bem”, observa Fred. Para ele, ver o filho “realmente aproveitar a oportunidade que lhe foi dada, criar novos produtos e continuar o legado das sete gerações antes dele” é motivo de grande satisfação.
Estratégia de sabores para novos consumidores
O lançamento do Jim Beam Black Cherry no Brasil faz parte de uma estratégia mais ampla para atrair novos consumidores ao universo do bourbon. Fred reconhece que “bourbon é meio que um gosto adquirido” e vê nos sabores uma porta de entrada importante para a categoria.
“Com a cereja, fica um pouco mais doce, mais acessível, mais fácil de beber”, explica.
A filosofia por trás dessa abordagem é pragmática. “Qualquer coisa para fazer as pessoas começarem pode despertar curiosidade sobre bourbon e fazê-las experimentar mais. Você precisa ter uma maneira de trazer pessoas para a categoria”, diz.
Quando questionado sobre a tendência de jovens que optam por não consumir álcool, Fred Noe demonstra uma atitude pragmática e respeitosa. “Acho que é uma tendência. É um mundo livre – faça o que quiser. Se as pessoas escolhem não beber, tudo bem”, declara.