Mulheres em Moçambique motivam-se a voltar à escola na alfabetização

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No dia em que o mundo comemora o Dia Internacional da Alfabetização sob o tema “Promovendo a alfabetização na era digital”, a ONU News conheceu as experiências de mulheres determinadas a combater o problema. Ambas retonaram aos bancos escolares depois de 40 anos para aprender a ler e escrever ou a continuar os estudos.

Adelaide Maria Ngoenha, 44 anos, tem três filhos que cria sozinha. Em 1996, ela concluiu a 6ª. série escolar, mas teve que abandonar a escola para cuidar das crianças além de outros desafios.

Após tantos anos, ela conta que preferiu começar do zero e o projeto de alfabetização levado a cabo pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, foi a melhor opção.

Maior sonho é caligrafia

Ela sonha com escrever e ler, ter uma caligrafia “como as outras mulheres”, que confessa ser o seu maior sonho no momento.

“Eu vi que que tenho dificuldades na escrita, na leitura…faço leitura, mas com dificuldade, então eu vi que e bom eu retornar e continuar a escola. Foi por isso que eu vim aqui para eliminar estas dificuldades. O meu desejo não é de parar, queria continuar e chegar até lá. Quando vejo as pessoas a escrever com aquela caligrafia bonita eu cobiço. Eu quero ter aquela caligrafia bonita e escrever as coisas como devem ser.”

Queremos mais pessoas alfabetizadas

Mário Fernando Eduardo Riasso, 40 anos, é professor de alfabetização há 13 anos. Atualmente, trabalha no Centro de Formação da Mulher – Wuxa, localizado na cidade da Matola, na província de Maputo, capital de Moçambique.

O professor nota uma redução de alunos na alfabetização. Em causa cita a pandemia da Covid-19, o fator econômico e a recentes manifestações políticas que assolaram o país.

No Centro Wuxa, estão atualmente 117 alfabetizados, deste número 97 são mulheres e 20 homens, subdivididos em dois períodos: manhã e tarde.

O sonho do professor Mário Riasso é ter mais pessoas alfabetizadas. Ele conta algumas das motivações que faz com que o local acolha mais interessados.

Para Gilda, aprender a ler e escrever na idade adulta é um desafio pois nunca havia frequentado a escola.

Para Gilda, aprender a ler e escrever na idade adulta é um desafio pois nunca havia frequentado a escola.

Ler e escrever eleva autoestima das mulheres

“Muitas das vezes, o que motiva estes alunos a estar conosco. É pelo facto de, em algum momento, precisarem de assumir algum cargo dentro da igreja ou também por questões de amizade. Eu vejo a minha amiga a seguir a escola então devo seguir a minha amiga. Mas também temos a questão de fazer um registo, assinar um documento ou contrair matrimónio.”

A experiência de integração da Gilda Alberto Mathe, 42 anos, solteira, é diferente da de outras mulheres. Ela conta que foi numa sessão de ginástica matinal que teve informação sobre a existência do Centro de Formação da Mulher – Wuxa.

Sonho por concretizar

Para ela, aprender a ler e escrever na idade adulta é um desafio pois nunca havia frequentado a escola.

“Uma das colegas do campo, ela disse que vai à escola. Então fui à casa dela perguntar o que era necessário para eu também poder ir à escola, pois desde que fui nascida nunca fui à escola. Gostaria também de sair do guarda fato, tirar esse medo de me esconder para aprender algo. Ela disse-me que apenas precisam de fotografia e o bilhete de identidade. Fui para lá com ela, fiz a matricula e prontos …neste ano comecei a estudar aqui.”

Projeto da Unesco com o governo moçambicano busca combater o analfabetismo

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Era digital

Este ano, o Dia Internacional da Alfabetização é celebrado sob o tema “Promovendo a alfabetização na era digital”.

Dados da Unesco citam que a digitalização está a mudar formas, métodos de aprendizagem, vivência, sociabilização e trabalho, quer na perspetiva positiva assim como negativa.

A agência defende que a alfabetização é fundamental para tornar as transformações inclusivas, relevantes e significativas.

Além de ler e escrever em papel, a alfabetização na era digital permite que as pessoas acessem, compreendam, avaliem, criem, comuniquem e interajam com conteúdo digital de forma segura e adequada.

A alfabetização também é fundamental para fomentar o pensamento crítico, discernir informações confiáveis ​​e navegar em ambientes informacionais complexos.

*Ouri Pota é correspondente da ONU News em Maputo

Fonte: veja.abril

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