“Meu pai é um grande leitor do Estadão. Não só é leitor, como ele manda carta, ele é outra geração. Quando saía alguma matéria, quando começou o Paladar, e aí saía um chef, outro chef, ele vinha me cobrar: ‘Ah, não vi você no Estadão’”, lembra Carole.
Para contentar o “pai coruja”, veio a “Ceia do Leitor”, uma matéria publicada em 13 de dezembro de 2018, que levou 120 leitores a enviarem suas melhores receitas de Natal a Paladar. Onze delas ganharam interpretações de grandes chefs, incluindo o Struffoli com Calda de Mel da De Maria Lúcia Pivato, que ficou nas mãos de Carole, um arroz de bacalhau e damasco adaptado por Carla Pernambuco e até um peru assado e uma farofa de cream cracker que acabaram sob a responsabilidade de Erick Jacquin.
Carole Crema fala sobre reconhecimento em Paladar
A chef Carole Crema conta como é a sensação de ser reconhecida, mais de uma vez, em matérias do Paladar.
“Foram uns dez chefs numa mesa, como se fosse a Santa Ceia, cada um fazendo uma coisa e tal. Para mim foi muito marcante, porque eu estava no meio de grandes nomes e é sempre uma honra estar no Paladar e perto dos grandes nomes da gastronomia brasileira”, recorda a confeiteira.

Em seu apartamento a chef confeiteira Carole Crema prepara um de seus hits: o bolo de coco. FOTO: Felipe Rau/Estadão Foto: Felipe Rau/Estadão
Esta não é sua única boa lembrança: “Teve uma matéria até recente, que me colocou como hitmaker, e eu adorei isso!”. Foi em 2022. Carole estava completando 20 anos de sucesso com sua doceria nos Jardins e Paladar reconheceu o pioneirismo em jogar holofotes sobre brigadeiro de colher e bolo de coco em papel alumínio – receitas que ela cansou de compartilhar e que ainda produz em toneladas na sua fábrica no bairro do Butantã.
Prêmio Paladar, a cozinheira paulistana formada em Ciências Sociais, não chegou a levar, mas se satisfaz com indicações e reportagens. “A gente que é chef, que tem um negócio, a gente batalha, não tem nada de glamour. De fato, é trabalho duro. E quando a gente é chamado para essas coisas, é uma honra. Não é fama, não é sucesso, não é nada disso. É dizer, poxa, eu estou aqui, né? Então fiz alguma coisa legal”, justifica.
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Realmente, a cozinheira esteve por aqui em Paladar. Nesta Páscoa, aliás, pode, pela primeira vez, ser jurada na avaliação dos ovos. O motivo? Este ano ela fechou a loja para se dedicar à produção de sobremesas para terceiros. Em outras palavras, não tinha chocolate concorrendo ao título de melhor criação.
Falando em criações, embora na sua fábrica chegue a produzir 50 mil bolos de coco por mês para um único cliente, em sua casa, nas folgas entre gravações e aulas na Escola Wilma Kövesi, Carole sempre arranja tempo para assar um bolinho: “As pessoas têm que voltar a fazer bolo em casa. Cheiro de bolo na casa, é cheiro de casa feliz, é cheiro de casa que tem afeto, né?”.